Senhora,
Te amo tanto a não
querer-me prisioneiro de ti. E prefiro a vida noturna, as mulheres fáceis e
vazias a pôr-me algemas por amar uma única vez.
Me doíam
tuas tristes manias de mocinha de boa conduta, que freavam-me a excitação. Te queria
por mulher, mais que por coração; talvez do mesmo tanto, até.
Te queria
à pureza.
E seduzir-te-ia
ao desejo.
Mas
nem ao casto sentimento que rege os astros e suas espontâneas explosões, nem ao
teso pecado original, do calor da carne crua, tu quiseste e me deste a chance
de viver.
Foste
cruel.
E não
preciso da crueldade pura quando posso pagar pelo fogo postiço dos pequenos
lábios alheios.
Não
me veja por carrasco ou viciado em questões de sexo, só ousaria ter-te minha se
tu me abrisses as ideias e os trajos.
Não
se acabrunhes agora, sei que traz riso nos lábios e quentes lágrimas de
rancoroso arrependimento. Se minto ou me engano, tem-me como convencido e sê capaz de odiar-me.
Lembra-te
das vezes que clamei por ver-te e tu me enchias de lamúrias e dores? Preferias a
solidão de tuas noites frias no quarto, a querer ter comigo, algo como aperto
de mãos.
E ainda
me maltratavas dizendo teu amor por mim! Que súcia! Por que me enganavas? Sempre
te quis por minha e tu me vinhas com juras falsas, dava-me esperança.
Cansei-me
de teu desprezo.
Larguei
toda sociedade rica e a vida noturna, para me dar ao teu amor. Lutaria todos os
dias por ele, se, ao menos, tu me concedesses armas à luta. Nem um reles canivete.
Só me
seria suficiente saber que tipo de demônio te move às tuas enganações e a ter
teiado meu caminho.
Te juro
não pensar mais em ti ao deitar-me com outras mulheres. Te juro a praga que te
rogo a morrer seca e só. E te juro que morreria se esta praga funcionasse...
Não
me respondas, senhora, sê livre para te esqueceres de mim. Sê livre para
não me sentires a falta. Sei que não a sentirás.
Esquece-me
para sempre.
O
néscio que te amará eternamente.
Seu sangue parece esparramar sobre o papel.
ResponderExcluirTens uma escrita digna do mister em que labutas.
Aplausos!