sexta-feira, 30 de maio de 2014

O QUE É A FELICIDADE?


                Despertei. Não porque queria despertar, na verdade. O sol nem me acompanhava; ainda dormia, o danado. Mas eu estava lá, de olhos abertos. Ouvidos abertos. Ouvido. Era o despertador. Tinin! Tinin! Tinin! E ainda chamam os humanos de inteligentes... acordar assim, não dá! Antes na boca de leões.
                Mas não tinha leão no meu quarto. Havia uma boca, a minha, que bocejou tão graciosamente quanto um elefante tomando água. Já viram? É um horror.
                Cinco e meia. Deveria estar no trabalho às sete. Trabalho duro. Contas e tal. Duro. E nem podia dormir nele.
                Pensei cinco longas vezes antes de pôr minhas rotundas mãos fora do edredom.
                Duro. Tinin! Tinin! Tinin!
                Desliguei o despertador. O silêncio baforava um aroma de paz no meio do meu rosto e me enchia inteiro de um sono agudo. Eu tinha que me levantar, comer pão, fazer a barba, porém meu corpo não obedecia essa parte do meu gênio.

                Continuei deitado. Agora na posição do Cristo Redentor. A melhor de todas. Mais cinco minutinhos não vão matar ninguém.

terça-feira, 13 de maio de 2014

ESTRANGEIRO DO MUNDO REAL V: DESCONHECER É VIVER

"a caixa"

                Lá venho eu com minhas reticencias... acho que não sei para que elas realmente servem, por isso me encho delas e de suas vertentes linguísticas. Pensando bem, desconheço tanto que se alguém vier me indagar qual o sentido da vida – ou alguma coisa mais aritmética-, rebaterei a dúvida com outra: para que serve o sentido? – ou, no outro caso: quatro menos dois é igual à?
                Perguntas bobas, perguntas irrisórias. Têm certas respostas que nós não devemos saber, apenas. É simples. Então, qual propósito de dúvidas inúteis? Onde vamos almoçar hoje não importa quando estamos com fome. Entretanto, minha maior ira vai contra aqueles que enganam a fome.
                Tão cheios, plenos e garbosos. É irônica a maneira que expressam todas as suas verdades. Eu, que mal falo, e quando preciso, fico na encolha a espera que me adivinhem os sabichões. Enfim, eu me desinteresso pelas pessoas que sabem. Aliás, não gosto delas, em verdade. Não digo sobre as que sabem das ciências, mesmo porque, quem me lê, entende minha dissonância contra os cientistas humanos.
                Digo dos que se entendem e assim, logo, se sentem no poder de entenderem os demais. Me incomodam os psicólogos e os enxeridos, ambos curiosos por meus fartos dissimulando até uma certa preocupação. O primeiro ainda me cobra por isso, o danado. Se vocês não vivessem em tamanha monotonia mental, eu me renderia em ser um enxerido profissional.
                Ah, já ia me esquecendo da característica mais imprescindível dos sábios de plantão. Se você quer ser um deles, anote aí: a caixa. Sim, caixa. Não qualquer caixa, mas um especialmente modelada por eles e suas ideologias. Outra oportunidade, eu falarei sobre ideologias. Hoje não, me canso de pensar.
                Para que serve a caixa que o sabichão sempre carrega com ele? Ora, não é tão difícil assim... Para colocar você dentro dela. E quem mais couber. E não adianta discutir, o valhacouto se tornará o único caminho a seguir, sempre que você coxear perto dele. A partir daí, moldar fica fácil.

                Já vi muitos desses pela vida, até mesmo no mundo dos loucos. No entanto, ao menos era divertido. Confesso que já fui um deles. Porém, felizmente, só quando fui louco, que eu sabia. Hoje, eu não sei mais.