"a caixa" |
Lá
venho eu com minhas reticencias... acho que não sei para que elas realmente
servem, por isso me encho delas e de suas vertentes linguísticas. Pensando bem,
desconheço tanto que se alguém vier me indagar qual o sentido da vida – ou
alguma coisa mais aritmética-, rebaterei a dúvida com outra: para que serve o
sentido? – ou, no outro caso: quatro menos dois é igual à?
Perguntas
bobas, perguntas irrisórias. Têm certas respostas que nós não devemos saber,
apenas. É simples. Então, qual propósito de dúvidas inúteis? Onde vamos almoçar
hoje não importa quando estamos com fome. Entretanto, minha maior ira vai
contra aqueles que enganam a fome.
Tão
cheios, plenos e garbosos. É irônica a maneira que expressam todas as suas
verdades. Eu, que mal falo, e quando preciso, fico na encolha a espera que me
adivinhem os sabichões. Enfim, eu me desinteresso pelas pessoas que sabem.
Aliás, não gosto delas, em verdade. Não digo sobre as que sabem das ciências,
mesmo porque, quem me lê, entende minha dissonância contra os cientistas
humanos.
Digo
dos que se entendem e assim, logo, se sentem no poder de entenderem os demais.
Me incomodam os psicólogos e os enxeridos, ambos curiosos por meus fartos
dissimulando até uma certa preocupação. O primeiro ainda me cobra por isso, o
danado. Se vocês não vivessem em tamanha monotonia mental, eu me renderia em
ser um enxerido profissional.
Ah, já
ia me esquecendo da característica mais imprescindível dos sábios de plantão. Se
você quer ser um deles, anote aí: a caixa. Sim, caixa. Não qualquer caixa, mas
um especialmente modelada por eles e suas ideologias. Outra oportunidade, eu
falarei sobre ideologias. Hoje não, me canso de pensar.
Para que
serve a caixa que o sabichão sempre carrega com ele? Ora, não é tão difícil
assim... Para colocar você dentro dela. E quem mais couber. E não adianta
discutir, o valhacouto se tornará o único caminho a seguir, sempre que você
coxear perto dele. A partir daí, moldar fica fácil.
Já vi
muitos desses pela vida, até mesmo no mundo dos loucos. No entanto, ao menos
era divertido. Confesso que já fui um deles. Porém, felizmente, só quando fui
louco, que eu sabia. Hoje, eu não sei mais.
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